ANIVERSÁRIO DA CORRUPÇÃO
O último dia 7 de setembro, quando que se comemorou os 189 anos da proclamação da independência do país, passou, num clima meio esquisito.
Explica-se: a enfraquecida e capenga veia cívica dos brasileiros está profundamente abalada pela corrupção generalizada que se revelou profundamente arraigada em todos os atos dos governos dos últimos anos na vida pública nacional. O povo está saturado de ver tanta notícia de podridão, e a postura dúbia do outrora partido imaculado, o PT, Partido dos Trabalhadores, não ajuda em nada.
O Brasil, historicamente, sempre viveu em meio à corrupção. Não é privilégio do governo do PT trazer a podridão para o dia-a-dia da gestão pública, nem prerrogativa exclusiva da administração pública brasileira.
Porém, depois de anos de escândalos cabeludos envolvendo o partido santo quase que diariamente vazando na mídia, no momento em que se noticia que no período que vai de 2002 a 2010, justamente a era PT, estima-se que os desvios do erário federal alcancem valor comparável ao PIB da Bolívia – montante estimado pelas autoridades responsáveis pela fiscalização de contas públicas, e que o partido oficial, lançando irritantemente mão do costumeiro argumento do performático Lula de que não sabia, não viu, assinou sem ver, não há nada de errado no seu governo, de que está tudo certo, e mais, de que o principal escândalo protagonizado por eles, o mensalão, não existiu – apesar das denúncias do deputado envolvido e cassado, apesar das gravações e filmes tornados públicos, apesar das renúncias de alguns dos protagonistas, apesar das cassações, notadamente a cassação do mandato do principal mentor e articulador das falcatruas petistas, apesar da queda de ministros herdados pela presidenta Dilma Roussef do seu antecessor, a postura arrogante e intimidatória do auto-proclamado partido messiânico.
O PT institucionalizou e sacramentou a corrupção no Brasil.
Enquanto andamos por estradas esburacadas e sucateadas, enquanto nossa indústria fecha as portas, massacrada pelos produtos importados que nos chegam a custo muito inferior, enquanto nossa carga tributária só faz é subir e subir, enquanto a TV mostra todo dia, nos últimos anos, o estado vergonhoso do sistema de saúde proporcionado pelo governo aos humildes, o povão, os que dependem das ações de governo para obterem este benefício, com os hospitais caindo aos pedaços, sem médicos, sem equipamentos, e as multidões enfrentando humilhantes filas de espera de meses ou anos para simples exames, ou aqueles que precisam de atendimento urgente sendo recusados e tendo portas de pronto-socorros fechadas em suas caras, e ambulâncias andando com doentes de porta em porta de hospitais sem encontrar quem os atenda, pessoas morrendo nas filas de hospitais, ou doentes que precisavam estar em UTI’s sendo atendidos no chão dos corredores, em situação que se agrava a cada dia, sem perspectiva de reversão desta tendência, a presidenta usa de escapismos dizendo que não tem verba, dizendo que tem que efetuar cortes em investimentos para controlar a inflação, a qual na verdade já está acima, não só do planejado, como também do aceitável.
O povo vestiu-se de palhaço e foi às ruas nas capitais dos estados e principalmente na capital federal, em manifestações de repúdio feitas em frente à câmara dos deputados e senado, ao mar de lama e desprezo à mentira, no dia da comemoração.
Os gritos de ordem e o clamor pela moralização tiveram sua força e importância minimizadas pelos líderes da atual, e isso também não ajuda no arrefecimentos dos ânimos.
Ao invés, o partido dos trabalhadores esbraveja e acena com projeto de controle das mídias – isso mesmo, o partido, não o chefe do executivo, não a autoridade estabelecida, legitimamente eleita e revestida da autoridade que a constituição vigente (a qual o PT negou-se a assinar) lhe confere – e fala grosso e faz cara de mau e de santo.
Não se pode mostrar o que o PT faz para se manter no poder.
A corrupção é generalizada hoje no Brasil – onde quer que se mexa, descobre-se algo de podre. Isso depois de se negar durante longos e desgastantes períodos a sujeira.
Senão vejamos uma amostra:
Antonio Palocci: negou, negou, ameaçou, no fim caiu. Duas vezes. Estava podre.
José Dirceu: negou, negou, no fim caiu. Estava podre.
José Genoíno: negou, negou, no fim o povo o defenestrou, não o reelegendo para a câmara. Estava podre.
Alfredo Nascimento: negou, negou, no fim caiu. Estava podre.
Wagner Rossi: negou, negou, no fim caiu. Estava podre.
No caso do ministro dos transportes, herdado da gestão Lula, denunciado pela revista Veja, a coisa é mais esquisita e questionável: negou enquanto pôde que houvesse ago de errado em sua pasta. Sem argumentos após algumas semanas de novidades escandalosas envolvendo sua gestão e seus auxiliares mais diretos quase que diárias, além da suspeitosa aquisição de uma propriedade em local que viria a receber posteriormente maciços investimentos do governo, abandonou o cargo. Porém, o fato de ele não servir para ser ministro por ser corrupto, aparentemente não o desqualifica que seguir no seu mandato de senador da república, pois foi recebido de braços abertos no Senado Nacional!
A deputada federal Jaqueline Roriz, estrela de um episódio que foi mostrado à exaustão em todos os noticiários do país, onde ela e o marido aparecem recebendo maços de dinheiro, foi inocentada por seus pares na câmara dos deputados. Claro, se fossem cassá-la por isso, como explicar a permanência de uns tantos outros que também têm a ficha mais suja que pau de galinheiro?
Daí a revolta dos participantes da passeata em Brasília, que ostentavam, além do nariz de palhaço, o convite para o ditador corrupto da Líbia:
“Kadafi, não importa o seu passado,
No Brasil você pode ser deputado!”
Também é sintomático e preocupante também que a podridão só seja mexida e a extensão do estrago só seja apurada quando a grande imprensa descobre e denuncia – a eficiente Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República começa a apurar toda vez que sai nos jornais. Nos grandes jornais, melhor dizendo. Tristemente engraçado, pois podemos, com preocupação, concluir que, se não der na grande imprensa, também nada se apura por aqueles que deveriam zelar pela vigilância da conduta.
O PT não gosta que se mostrem suas falcatruas. Ficam ofendidos, esbravejam, ameaçam, desqualificam a quem quer que ouse desmascarar sua santidade (Vide o caso do valente Francenildo, caseiro que denunciou as maracutaias do então ministro da fazenda, Antonio Palocci, no início do governo Lula, ameaçado, sigilo bancário quebrado ao arrepio dos mais básicos princípios exarados na brilhante e avançada Constituição Federal de 1988. Aquela que o PT não assinou. Ou da chefe da Secretaria da Receita Federal, que no governo anterior informou que recebeu pessoalmente instruções expressas da então ministra-chefe da Casa Civil, a Sra. Dilma Roussef, para dar tratativa especial a mais um caso delicado envolvendo a duvidosa administração PT. Foi covardemente desqualificada em público pelo próprio líder dessa turma, que com sua cara feia esbravejou, cuspiu pelos microfones a incompetência e a mentira da sua funcionária mais subalterna. A desproporcionalidade dos atos e atores – presidente da república contra uma funcionária burocrática, não incomodou ao “grande” líder, desprovido de qualquer senso ético e moral, e execrou publicamente a mulher. Depois o povo foi lá e elegeu sua cria para o seu lugar. Pasmem!
Paciência.
O povo tem que sair mais às ruas, antes que até este direito, conquistado a duras penas e à custa de muitas vidas, até hoje anônimas, lhe seja negado. Justamente por aqueles que se beneficiaram da instalação da democracia em terras brasileiras.
Wagner Woelke