Revitalização da SBAT – Temporada de “NOSSA VIDA EM FAMÍLIA” do VIANINHA, no RJ, para colaborar
Recebi a seguinte correspondência da SBAT – SOCIEDADE BRASILEIRA DE AUTORES:
"Prezados (as) sócios (as), Seguindo o compromisso de revitalização da SBAT, dia 21/06, sábado, estréia "Vianninha Conta o Último Combate do Homem Comum", originalmente "Em Família", de Oduvaldo Vianna Filho. Com direção de Aderbal Freire-Filho, ficará no Teatro SESC Ginástico, de 4ª a domingo, sempre às 19h, até o final de julho. Depois cumpre temporada no Teatro Poeira. Segue matéria do Globo sobre a peça. Se possível, divulguem. Att. Edson Bezerra Lins SOCIEDADE BRASILEIRA DE AUTORES - SBAT Sucursal São Paulo - Avenida Ipiranga, 1.123 - cj 803 - 01039-000 (11) 3229-9011 das 11h às 17h PARA PROTEGER SEUS DIREITOS, FILIE-SE À SBAT. QUER NEGOCIAR OS DIREITOS DE UMA OBRA TEATRAL, CONSULTE-NOS. CASO SEJA NECESSÁRIO EFETUAR DEPÓSITO PARA A SOCIEDADE: BRADESCO AG 0478-2 C/C 40.920-0 CNPJ 33.646.456/0002-63"
O GLOBO – 21/06/2014
Aderbal Freire-Filho dirige nova montagem de ‘Nossa vida em família’
Peça clássica de Vianninha será encenada nos 40 anos da morte do autor
por Luiz Felipe Reis
21/06/2014 8:28 / Atualizado 21/06/2014 8:55
Morto em 1974, Vianinha foi um dos expoentes do teatro político – Arquivo
RIO — Na primeira vez em que pisou no Rio, ele tinha 19 anos. Ator amador desde os 13, o cearense Aderbal Freire-Filho já havia trabalhado como técnico em prospecção de petróleo e vendedor de móveis de aço, mas o teatro não o largava.
— Fiquei por aí, e assisti ao que pude… — diz o hoje diretor, que, em 2014, completa 60 anos de palco.
Tentou se aproximar, conhecer a cena, mas nada feito. A timidez reforçou o anonimato e, dois anos depois, aos 21, sem trabalho, palco ou dinheiro, ele voltou para Fortaleza. Oito anos mais tarde, já advogado, com mulher, filho e algum dinheiro, jogou tudo para o alto e rumou novamente para cá. Era a última chance.
Aos 29, porém, estava quase na mesma: ator e já diretor, mas ainda absolutamente desconhecido. Era 1970, ano de Copa do Mundo, só que, em vez de Pelé, Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) era seu ídolo. E naquele ano o dramaturgo desenvolvia novas técnicas de jogo.
As narrativas e os personagens populares e politicamente engajados de Vianninha saíam de campo para dar lugar a protagonistas de classe média. Surgiam, então, o jornalista de “A longa noite de cristal”, dirigida por Celso Nunes, o publicitário de “Corpo a corpo”, encenada por Antunes Filho, e o aposentado idoso Souza, protagonista de “Em família”, também escrita naquele ano e levada à cena por Sérgio Britto (em 1971, o texto virou roteiro de um filme dirigido por Paulo Porto e, em 1972, ganhou do autor um novo título, “Nossa vida em família”, e uma nova montagem, dirigida por Antunes Filho).
Pois agora, mais de 40 anos depois, é a vez de Aderbal assinar sua versão para “Em família”. Rebatizada de “Vianninha conta o último combate do homem comum”, a peça entrou em cartaz nesta sexta-feira no Sesc Ginástico, com sessões às 19h, de quarta a domingo, até 27 de julho.
— Essa peça é como o ápice da investigação do Vianninha sobre o “homem comum”, o trabalhador brasileiro, o cara lutador que faz de tudo para se sustentar, manter a família — diz o diretor. — É um personagem que já aparece em outras peças, mas que se torna protagonista nesse texto.
Nele, o casal de idosos Souza (Cândido Damm) e Lu (Vera Novello) reúne os filhos num almoço para informá-los de que terão de deixar a casa onde vivem. Os proprietários decidiram reajustar o aluguel para um valor incompatível com a aposentadoria de Souza. A “solução” é separar o casal: Souza vai morar com a filha em Brasília, e Lu fica no Rio, num asilo.
— Decidi por esse título porque, na peça, o Vianninha faz um recorte da etapa final da vida desse homem, como se fosse a sua última batalha manter ou não o aluguel — conta o diretor.
A identificação com o tipo burilado por Vianninha, no entanto, vem do tempo em que Aderbal chegou aqui, garoto:
— Eu me sentia um pouco como esse cara, porque o que marca esse homem comum é a questão do anonimato. E aqui, ninguém me conhecia.
Entre 1970 e 1974, Aderbal viveu “quatro anos de batalhas”, como diz. Dirigiu peças marginais, fez trabalhos como ator e, numa dessas investidas, foi visto, no palco, por seu ídolo.
— Eu era fã dele, como autor e ator. Então um dia ele assistiu a uma peça que fiz como ator, “O segredo do velho mudo” (de Nelson Xavier), em 1973, e, depois, fomos apresentados por um amigo e ele me reconheceu.
Mas o contato não avançou. Mais tarde, naquele mesmo ano, Vianninha adoeceu. Seu trabalho na TV Globo, onde escrevia o seriado “A grande família”, foi interrompido. Viagens aos Estados Unidos, para tratar do câncer diagnosticado, o tiraram de circulação, e Aderbal teve de torcer à distância.
— No meio daquele turbilhão, não foi possível me aproximar e estabelecer um maior contato.
Vianninha morreu um ano depois. E, em 1975, Aderbal estreou sua primeira encenação para um texto do autor, “Corpo a corpo”.
— Conheci o Vianninha um ano antes de ele morrer, e a minha relação artística com ele começa justo um ano depois da morte — lembra.
Após “Corpo a corpo” veio “Moço em estado de sítio”, em 1980, e depois, a então inédita “A mão na luva”, em 1984. Foi a última vez em que Aderbal dirigiu um texto do autor. Até agora, ano que marca também quatro décadas da morte de Vianninha.
— Agora volto a ele, em um texto fundamental, que revela os avanços dramatúrgicos que ele propunha. Em relação ao conteúdo, ele relativiza a figura do herói — diz. — Quanto à forma, ele rompe com os limites físicos do palco e do tempo da narrativa. Ela muda de lugar o tempo todo, avança e volta no tempo.
O sonho de montar “Em família” tornou-se ainda mais urgente em 2011. À época, Aderbal estava à frente do projeto “Dramaturgia em debate”, que reuniu leituras dramatizadas para textos de oito autores da Sociedade Brasileira de Autores (Sbat), entre eles Vianninha. Diretor da entidade desde 2005, Aderbal encena agora a peça como marco inicial de um projeto que visa fazer voltar à cena parte do acervo da Sbat, que teve como um de seus fundadores o pai de Vianninha, o também autor Oduvaldo Vianna.
— A ligação do Vianninha com a Sbat vem de sangue, e ele esteve bastante envolvido.
Afogada em dívidas que somam cerca de R$ 5 milhões, a Sbat funciona hoje com apenas cinco funcionários e tem sua folha de pagamento coberta, desde 2013, por doações voluntárias. O cachê de Aderbal, assim como o das produtoras e atrizes Vera Novello e Ana Velloso, será doado para a instituição. Prestes a completar dez anos à frente da entidade, Aderbal ainda acredita na sua importância e aposta que ela voltará a caminhar pelas próprias pernas. Para isso, conta com o seu maior patrimônio, a pena criativa de seus autores.
— A Sbat não se resume à arrecadação de direitos. É isso também, e estamos ampliando a nossa atuação, com a arrecadação de direitos de roteiristas de cinema e TV — diz. — Mas a Sbat é, ainda, um bem cultural, por conta de seu acervo, e um centro de investigação dramatúrgica. E é por isso que a gente torna o Vianninha o ponto de partida, porque ele foi um desses grandes que alargaram a poética da cena. Queremos reerguer a Sbat e seus autores, mas precisamos de apoio, sobretudo do estado e do município. É preciso que compreendam o quanto a Sbat é fundamental.
CARTA ABERTA aos TEATROS e ARTISTAS
A SBAT – Sociedade Brasileira de Autores Teatrais foi fundada em 1917 pelo pioneirismo e ousadia de Chiquinha Gonzaga. A SBAT é hoje um patrimônio cultural brasileiro e possui o maior acervo de Teatro do país. A SBAT é uma sociedade sem fins lucrativos, de utilidade pública, cujo patrimônio pertence a todos nós. Ela é a guardiã dos direitos do autor de Teatro – a propriedade intelectual.
A Sociedade vem enfrentando uma grave crise como é de conhecimento de todos. O pior dessa crise é ver a SBAT ter perdido a credibilidade junto à classe artística e ser alvo de inúmeras críticas por parte de alguns. Muitos erros foram cometidos no passado e alguns desvios cometidos. Mas estamos nesse momento procurando caminhos que possam trazer de volta essa credibilidade perdida para que a SBAT seja a legítima representante dos autores brasileiros. E com a entrada em vigor da nova Lei de Direito Autoral, estamos nos adequando para também representar o artista brasileiro.
Para isso foi criado um movimento chamado SBAT – 100 anos, que pretende sanear a Sociedade até o ano de 2017, quando do seu centenário. Esse movimento é formado por autores, diretores, atores, músicos que se empenharam nessa causa e junto a Aderbal Freire Filho estão desenvolvendo ações no sentido de tornar a SBAT uma Sociedade moderna e representativa atendendo as necessidades atuais. À SBAT não cabe mais ser somente arrecadadora e sim uma entidade capaz de promover convênios, parcerias, cursos, oficinas, debates, palestras, de ser um fórum – a praça pública – das artes e dos artistas, de promover a publicação de peças, leituras – a divulgação de seu patrimônio cultural, ampliando assim sua vocação de centro cultural.
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O Movimento SBAT 100 anos conta com a crescente adesão da comunidade dos artistas, dos autores, os Teatros, as TVs, os produtores culturais. Atentos à demanda que se apresenta com as novas mídias e a Lei do Audiovisual, estamos modificando o nosso estatuto para poder representar também os direitos de representação do artista brasileiro no áudio visual. Para isso precisamos de uma Sociedade forte.
A casa construída por Chiquinha Gonzaga, Viriato Correa, João do Rio, que já foi habitada por Joracy Camargo, Oduvaldo Viana, Rachel de Queiroz, Manuel Bandeira, Nelson Rodrigues, Dias Gomes, Boal, Vianinha, Paulo Pontes, Plinio Marcos, Guarnieri e todos os nossos mestres, está sendo reconstruída para as novas gerações de autores brasileiros. As agruras do passado dão lugar a uma Sociedade renovada e pensando no futuro. A SBAT é a sociedade dos poetas de todos os tempos: a Sociedade dos Autores, a Sociedade Brasileira de Artistas. Participe da sua reconstrução.
Mario Sergio Medeiros Movimento SBAT – 100 anos
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